A decisão de uma separação nunca é fácil, nunca. E comigo também não foi, mas depois de muito pensar e avaliar vi que era o caminho ideal a seguir. E isso foi há meses.
Existe uma linha que divide a decisão da execução da mesma e esse foi o processo mais longo de tudo isso, pois existe uma coisinha do mal que se chama MEDO.
A sociedade é uma coisa maluca e mesmo em 2013 ainda existe um preconceito enorme com mães solteiras, como se todas fossem dignas de pena, e mesmo para mim que sempre tive contato com muitas outras mães solteiras ou não, esse medo surgiu.
O medo de ficar sem rumo, sem grana, sem paz, e principalmente, o medo pela Beatriz. Porque quando namoramos ou até mesmo somos casados mas sem filhos essas decisões não pesam tanto. É somente uma relação entre duas pessoas e que só diz respeito a elas. Agora quando envolve uma criança parece que tudo fica mais complicado, tem de ser mais pensado e tudo mais.
Lembro que minhas tias falavam que minha mãe não separava do meu pai por conta da gente (eu e meu irmão) e eu nunca levei isso a sério, porque minha mãe sempre foi independente, batalhadora e super pra frente. Não acredito que ela separaria do meu pai, mas com certeza que se um dia isso passou pela cabeça dela ela não o fez pela gente. Hoje eu entendo o lado dela.
Prolonguei uma relação que já não me fazia feliz (e imagino que também não fazia o pai da Bia feliz), por conta da Beatriz. Porque ela iria sofrer, porque seria difícil para ela entender, porque estava melhor daquele jeito. Acomodei.
Comecei a ter depressão, não estava feliz, descontava toda minha infelicidade e meu descontentamento na Beatriz. Com gritos, impaciência e por aí vai. As coisas não iam bem.
Então cheguei no meu limite e encarei os fatos. Fui egoísta. Vou pensar em mim!
Penso que para a Beatriz seria muito mais saudável crescer vendo pai e mãe felizes, e como isso não era possível juntos, que fossem separados. Se ela vai sofrer? Vai. Mas seria uma coisa de momento. Mais válido agora do que passar a vida toda sofrendo vendo os pais brigando, se desentendendo e infelizes.
Pensei também na Beatriz adulta, eu sou o exemplo. E eu não quero ser o exemplo ” vou permanecer nessa relação porque minha mãe fez isso”.
Demorei um bom tempo para decidir, precisei do apoio de algumas pessoas que foram fundamentais. Sim, eu tive apoio.
E hoje algumas semanas depois sou uma pessoa feliz, realizada e livre. As coisas começaram a fluir porque estou bem, tenho pessoas incríveis ao meu lado e a cada dia tenho mais certeza de que a decisão que tomamos foi a certa.
No dia da separação uma pessoa me chamou no facebook e falou ” olha, calma… vida de mãe solteira não é tudo isso que pintam”. E realmente, não é. Não quero generalizar, mas acho que a sociedade coloca um medo tão grande na gente, tão grande, que acabamos pintando o fato de ser mãe solteira como se fosse algo monstruoso e sofredor.
Eu não me sinto sozinha um só minuto, estou trabalhando muito e dando conta de tudo (mesmo não trabalhando fora de casa), ver a Beatriz feliz, em paz, tranquila é algo que não tem preço.
Sim, mães solteiras são guerreiras e batalhadoras. Porque todos os dias enfrentam olhares e comentários sobre algo que deveria ser digno de orgulho. Sempre vou admirar e espero conseguir honrar esse meu atual ” título”. 
<3
